Esquizoanálise

A esquizoanálise não tem como intuito instituir algo, pode se compor de inúmeros dispositivos que estimulam a experimentação para transformar pessoas e relações, no sentido de se movimentar e se reinventar. Explora novas conexões e modos de ser, fomentando práticas inovadoras e alternativas, com respeito as singularidades.

Somos seres inacabados e em permanente transformação, passamos por situações que bloqueiam nossos movimentos e geram sensação de incômodo, para cada uma dessas situações, existem muitas saídas. A doença não está somente nas figuras edipianas da psicanálise, mas no mundo inteiro, no capitalismo, na história, nos povos, etc.

A perspectiva esquizoanalítica envolve um processo de análise dos modos de constituir as subjetividades de sujeitos e grupos nas suas relações com instituições e com o mundo, buscando ampliar as explorações sociais e afetivas, questionando as próprias ações, desconstruindo modelos de representação e ativando a potência revolucionária do desejo.

Por meio da leitura cartográfica é esboçada a análise, não com intuito de interpretar, mas buscando as conexões de cada pessoa com os objetos, os espaços, outras pessoas e consigo mesma. Esse mapeamento possibilita uma reflexão e entendimento sobre como cada sujeito afeta ou é afetado pelas relações que estabelece, como essas relações geram um sentido para si e por onde transita o desejo.

Na prática, essa análise pode partir da escuta de um sujeito, das coisas que faz e gosta de fazer, de suas queixas, de suas potências, de seus sintomas, dos espaços que transita, das pessoas que para si são significativas. Esse procedimento não é estático, pois todo sujeito está sempre produzindo novas ações e novos problemas, por conta de novas experimentações, criando novas conexões e oportunidades.

A experimentação se faz no encontro do sujeito para criar, inventar e potencializar novos caminhos, indo no sentido do que faz seu corpo expandir, não contrair. É por meio da análise das multiplicidades que compõem um sujeito que se pretende auxiliar este a criar novas possibilidades. A doença é concebida como um aprisionamento ou parada de processos, que nos impede de criar novos modos de ser e de se fazer.

Para esta abordagem, o sujeito está além de diagnósticos ou classificações, pois estes podem o impedir de usufruir suas potências por cristalizarem identidades pouco maleáveis. Possibilita olhares e ações mais para a experimentação do que para a interpretação. A esquizoanálise fornece ferramentas que podem ser utilizadas por profissionais da saúde, pedagogos, teóricos em geral e psicólogos de diversas áreas, numa concepção que estimula as relações para a construção de novos processos de vir a ser.

"Não há programas de vida, cada um se constrói e surge na prática,
as coisas vão se fazer, fazendo."
(Deleuze)